Quando meus pais viajaram juntos para Manaus, eu ainda tinha uns 15 ou 16 anos.... Eles nos deixaram com a tia Fátima. Como demoraram muito, depois de um tempo, o dinheiro que haviam deixado acabou e, um dia, tive que comprar pão fiado na bodega do Sr. Antônio. Demorei tanto a pagar que, quando tive o dinheiro para pagar, já estava com vergonha de ir lá. Nunca paguei. Eu sabia que ele lembrava da minha dívida, mas acho que, de alguma forma, acreditava que, se eu fosse pagar, relembraria o fato. Claro que, inclusive, eu estava consciente de que ele não havia esquecido. O interessante disso: como pude me acostumar com a situação de devedor ?!?
Hoje, lembrei de uma amiga muito amada e quando quis chama-la para almoçarmos juntos, lembrei do fato... Acho que fiquei com vergonha de lembra-la de que não nos vemos a muito tempo! Mas já deixei muito tempo passar e não vou deixar acontecer o que aconteceu com a dívida do pão.... É muito fácil acostumar-se com o cotidiano, mesmo que seja ruim.... Às vezes, deixamos uma situação permanecer por tanto tempo que nem notamos que ela era ruim.... às vezes, ela torna-se cômoda de tal modo que é até incômodo muda-la.
Vale a pena cultivar as coisas boas e não deixa-las serem esquecidas. Vale a pena acostumar-se com o que é bom e faze-las algo comum e cômodo no nosso dia a dia. Se tudo é questão de hábito, habituemos-nos com as coisas boas. Cultivar amizades é uma.
Aqui cabe tudo quanto...
Depois de pensar sobre o que eu queria escrever, conclui que é melhor puder escrever tudo quanto queira...

quarta-feira, 7 de março de 2012
domingo, 27 de março de 2011
Viver a verdade
Estou pensando.... parece que quanto mais se vive dissociado do próprio discurso, mais se consegue congregar seguidores, embora fugazes e/ou supérfluos.
domingo, 6 de fevereiro de 2011
Lagoinha - Mais uma vez
Na Lagoinha, fui na Lagoa das Almécegas... O lugar é lindo, a gente fica se perguntando como pode ser Área de Preservação Permanente e, por isso, nem deveria ter aquele monte de intervenção. Mas sinceramente, até pros mais conscientes: tem que aproveitar um pouquinho... Então, lá, sugiro: Caipirosca de Pitanga e Muqueca de Peixe com camarão. Mas atenção: a muqueca vem pouco, num é farta não. Mas dá e não é cara.... R$ 45.
O banho, apesar de ser em água parada, é bom. O atendimento também. Coloquei foto da comida, da bebida e da "folga"...
O banho, apesar de ser em água parada, é bom. O atendimento também. Coloquei foto da comida, da bebida e da "folga"...
domingo, 30 de janeiro de 2011
Cisne Negro- equilibrio de cada um
Acabei de ver o filme “Cisne Negro” (Black Swan – dirigido por Darren Aronofsky), com a atriz Natalie Portman, previsto para estreiar no Brasil neste mês de fevereiro/2011.
O filme é fantástico. Conta a estória de uma bailarina que, dedicada, tem seu esforço e talento reconhecidos, com promessa de sucesso, ao ser indicada para abrir uma nova temporada do balé novaiorquino no papel principal de O Lago dos Cisne (um balé dramático do compositor russo Tchaikosky). No espetáculo, ela terá que representar duas irmãs: o cisne negro e o cisne branco. Com toda sua delicadeza, por vezes confundida com tolice e frivolidade, a bailarina é perfeita para papel do cisne branco. No entanto, para desempenhar com a mesma perfeição o papel de cisne negro, é necessário exatamente o que falta: sensualidade, fibra, maldade...
Decidida a conquistar o público, e perturbada pela consciência de suas fraquezas, a bailarina passa a treinar de forma obcecada, ultrapassando seus próprios limites, e como consequência, atinge o desequilíbrio mental, tornando-se violenta e passando a praticar a auto-mutilação, depois de sofrer com alucinações etc.
No final do filme, a apresentação é um sucesso, a bailarina conquista seu objetivo, é ovacionada e adorada pelo público, mas o desequilíbrio mental a leva ao suicídio.
Além do enredo, a opulência do filme é evidenciada na imagem, especialmente, porque durante os surtos de loucura, a bailarina acredita estar se transformando mesmo em um cisne (com penas, cartilagens entres os dedos etc)
Por tudo, o espectador é levando a entender que a jovem, na verdade, está passando por um processo de morte (suicídio) daquele lado doce pelo qual todos a conhece (algumas vezes ela escuta vozes que a chamam, em tom de chacota, de “doce garota”) para fazer nascer seu lado “mal”, pois acredita que, somente assim, poderá alcançar a perfeição na interpretação do cisne negro. E é o que acontece.
Depois de ver o filme, lembrei de alguns colegas de faculdade, que, tão logo se formaram, deixaram seus empregos, namorados, amigos, vida social, a fim de trancafiarem-se para uma dedicação exclusiva aos estudo de concurso público. Não viveram, ou esqueceram de viver, também, um pouquinho, aquele lado “mal”. Também lembrei dos que se dedicam inesgotável e exclusivamente, ao trabalho, ou a qualquer outra coisa de forma quase obcecada. Eles não veem que estão matando um lado que é importante, porque é parte de cada um. Aliás, muitas vezes, a parte mais importante, porque ser tolo, doce, infantil, moleque, é sim importante.
Não é a toa que alguns dos amigos concurseiros, depois de passarem no concurso, até adoecem... e têm, inclusive, que se afastarem do trabalho.
O sucesso é muito importante, mas não pode ser incondicional. Aliás, nada pode.
sábado, 27 de novembro de 2010
O milagre do vinho
Descobri um jeito fantástico de fazer vinhos ruins ficarem bons: só os tomo com o melhor amigo.
segunda-feira, 1 de novembro de 2010
A mulher do prefeito
Sempre moramos perto da casa do Prefeito e isso, no interior, era importante.
Mas o bairro era muito misturado e a filha da Mazé era uma figura muito conhecida por lá. Era bem novinha, devia ter uns vinte e poucos anos e parece que todo mundo comia, mas também não ganhava nada com isso nem com qualquer outra coisa. Era escurinha... tinha um rabão. Era a mais “fulera” do bairro.
Uma vez, correu o boato que a mulher do prefeito tava falando mal da filha da Mazé. Ora, que coisa impressionante aquela notícia... Como poderia? A mulher do prefeito era a mulher do prefeito... a filha da Mazé era só a filha da Mazé. Naquele dia eu achei que a neguinha ficou mais importante... Não sei se o boato era verdade... acho até que na casa do prefeito só que conhecia a filha da Mazé eram os empregados... mas enfim, ela ficou mais importante, afinal de contas, pra mulher do Prefeito se dar o trabalho de falar dela, não era mais qualquer uma.
Pois me lembrei disso hoje. Outro dia, a coitada da minha amiga veio me falar que a Edna tava falando mal de mim, sendo má, degradando minha imagem logo no meu meio profissional. Disse que tava falando horrores. Foi quando notei que eu achava a Edna importante... porque a primeira coisa que veio a cabeça foi: como pode?!? Eu sou só eu... A Edna é a Edna. Como pode perder tempo falando de mim?
Eu nunca tinha pensando como a Edna me era importante: ela era a mulher do Prefeito. A minha amiga não entendeu nada. Ficou até revoltada com a minha inércia...Eu não ia mesmo fazer nada? Ia não.
Mas passou pouco tempo até eu perder a admiração pela Edna. É que porque não tem nada a ver, mas por pura coincidência ( irônica, por certo), descobri que a Edna tem outra coisa em comum com a mulher do prefeito: ela é só a mulher de alguém. Mas pior: a mulher do prefeito nem tinha consciência disso. Se achava importante. A Edna tem. E isso é o inferno dela.
Hoje, lembrei disso, porque você me sugeriu que fizesse alguma coisa, sei lá o que, pra ficar “bem na fita” com a Edna. Pareceu sem qualquer importância. Acho que é porque, na verdade, eu já tinha percebido: a mulher do prefeito, a minha primeira mulher do prefeito, sou eu. A Edna, pobre Edna... sorte se achar quem fale qualquer coisa dela.
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