Acabei de ver o filme “Cisne Negro” (Black Swan – dirigido por Darren Aronofsky), com a atriz Natalie Portman, previsto para estreiar no Brasil neste mês de fevereiro/2011.
O filme é fantástico. Conta a estória de uma bailarina que, dedicada, tem seu esforço e talento reconhecidos, com promessa de sucesso, ao ser indicada para abrir uma nova temporada do balé novaiorquino no papel principal de O Lago dos Cisne (um balé dramático do compositor russo Tchaikosky). No espetáculo, ela terá que representar duas irmãs: o cisne negro e o cisne branco. Com toda sua delicadeza, por vezes confundida com tolice e frivolidade, a bailarina é perfeita para papel do cisne branco. No entanto, para desempenhar com a mesma perfeição o papel de cisne negro, é necessário exatamente o que falta: sensualidade, fibra, maldade...
Decidida a conquistar o público, e perturbada pela consciência de suas fraquezas, a bailarina passa a treinar de forma obcecada, ultrapassando seus próprios limites, e como consequência, atinge o desequilíbrio mental, tornando-se violenta e passando a praticar a auto-mutilação, depois de sofrer com alucinações etc.
No final do filme, a apresentação é um sucesso, a bailarina conquista seu objetivo, é ovacionada e adorada pelo público, mas o desequilíbrio mental a leva ao suicídio.
Além do enredo, a opulência do filme é evidenciada na imagem, especialmente, porque durante os surtos de loucura, a bailarina acredita estar se transformando mesmo em um cisne (com penas, cartilagens entres os dedos etc)
Por tudo, o espectador é levando a entender que a jovem, na verdade, está passando por um processo de morte (suicídio) daquele lado doce pelo qual todos a conhece (algumas vezes ela escuta vozes que a chamam, em tom de chacota, de “doce garota”) para fazer nascer seu lado “mal”, pois acredita que, somente assim, poderá alcançar a perfeição na interpretação do cisne negro. E é o que acontece.
Depois de ver o filme, lembrei de alguns colegas de faculdade, que, tão logo se formaram, deixaram seus empregos, namorados, amigos, vida social, a fim de trancafiarem-se para uma dedicação exclusiva aos estudo de concurso público. Não viveram, ou esqueceram de viver, também, um pouquinho, aquele lado “mal”. Também lembrei dos que se dedicam inesgotável e exclusivamente, ao trabalho, ou a qualquer outra coisa de forma quase obcecada. Eles não veem que estão matando um lado que é importante, porque é parte de cada um. Aliás, muitas vezes, a parte mais importante, porque ser tolo, doce, infantil, moleque, é sim importante.
Não é a toa que alguns dos amigos concurseiros, depois de passarem no concurso, até adoecem... e têm, inclusive, que se afastarem do trabalho.
O sucesso é muito importante, mas não pode ser incondicional. Aliás, nada pode.
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